Abstratismo é pouco!
Dessa vez Oddisee surtou, ou melhor dizendo, inovou. Falo isso devido as inúmeras variações, loops e beats utilizados, porém com muita maestria. É um disco que não se entende ouvindo apenas uma vez, é necessário ouvir uma, duas, talvez três vezes para sacar que apesar do abuso do experimentalismo em certas faixas, existe uma riqueza imensa de detalhes e boa influência musical.
Oddisee viajou por diferentes vertentes como a música eletrônica por exemplo, flertando também com o drum n' bass, isso fica nítido na faixa "The Second Date". Confesso que só tinha visto coisa do gênero em alguns trabalhos do Amplive (Zion-I), e acho muito válido a tentativa de misturar estilos de música diferente, buscando inovar, desde que logicamente não se perca a linha e o foco, o que não foi o caso. Este trabalho foi além do flerte com o drum n' bass e caminhou ao lado do funk setentista, lembrando muito as trilhas sonoras daqueles seriados dos anos 70, prova disso é a faixa "Tell The Truth" (quem tiver oportunidade de ouvir vai entender o que estou falando).
O álbum em si é praticamente uma "beat tape", todo instrumental, com a exceção da faixa inicial e a última faixa bonus. Obscuridades e peculiaridades a parte o disco contém duas faixas geniais onde Oddisee mostra do que realmente é capaz, indo fundo na raiz do verdadeiro soul-funk como é visto na brilhante "Every Day People" (excelente trilha no maior estilo session de board num domingo ensolarado), e a sensacional "The Supplier" que é com certeza a melhor faixa do disco e não por acaso é o carro chefe e a faixa que abre o disco, criando toda uma espectativa pelo que vem na sequência.
Como disse anteriormente, trata-se de um disco complexo, a ser ouvido inúmeras vezes para ser compreendido, soa até meio estranho, mas nao deixa de ser um álbum importante tendo em vista coisas ruins que estão sendo lançadas a cada dia por aí, por pessoas que muitas vezes não tem identidade própria e com a parada de fato. Por isso Oddisee sobresaiu-se, nao só por ter identidade com a música, mas como com o rap, se permitindo arriscar e percorrer por caminhos nunca antes traçados, e ao meu ver foi feliz num modo geral ao que se propôs a fazer.
Destaco a participação do Tranquill (guardem bem esse nome) que enriqueceu a faixa inicial deste trabalho. Quem tiver oportunidade dê um check no myspace do cara. Só sample de soul music e jazz de primeira contrastando com bases sujas! Vale a pena conferir!